Volta tudo mas, ônibus, não

Na garagem não tráz prejuízos... para a empresa, obviamente
Arquivo/Maurício Maron

A Prefeitura de Ilhéus anunciou por volta das 23 horas de ontem, a reabertura da faixa vermelha do comércio e de outras atividades econômicas, a mais perigosa para o controle à Covid-19. Agora, tudo passa a ter autorização para funcionar.

Mas no decreto, não há nenhuma citação a respeito da liberação dos outros cinquenta por cento da frota do transporte público. Hoje Ilhéus é atendida apenas por metade desta frota, como determina um antigo decreto municipal.

É incoerente. Mas, explicável.

As empresas de transporte público da cidade alegam que, apesar do "liberou geral", as pessoas não estão se arriscando a frequentar as ruas, como era antes. Os dirigentes enxergam (ônibus vazios) o que as fotos do cotidiano não provam (ruas lotadas). Chegam a afirmar que esta metade da frota já liberada poderia até ser bem menor, para atender a demanda que hoje se apresenta nos pontos e terminais da cidade.

Em resumo: pouco importa como pode ficar a ocupação dos coletivos. O que vale mesmo considerar é que as empresas não podem arcar com esse "prejuízo" que se desenha.

Mas... o que a população tem a ver com isso? 

Se "liberou geral" para as ruas, é preciso liberar geral para as garantias do cidadão. O serviço tem que estar à disposição. Se vai encher ou não, não é problema do povo. 

Quando as empresas de ônibus alegam que poderiam funcionar ainda com menos veículos circulando pelas ruas da cidade, elas, na essência, querem dizer que é preciso esperar juntar mais gente para recolher, do que circular com espaços vazios entre um passageiro e outro.

A Prefeitura silencia diante do descumprimento do que ela mesma norteia.

O que liberou, já funciona. O que disse que iria fiscalizar com rigor, não.

Mas quando o tema chega a ser o transporte coletivo da cidade.... bem... aí é outra história, né.

A gente já conhece esta história.